NRF Retail's Big Show 2025: descubra as inovações do maior evento global de varejo

A Wake montou uma delegação com um time de especialistas para cobrir a NRF 2025.
O que esperar 
da NRF 2025
A NRF 2025 promete ser um evento transformador, reunindo líderes do varejo, tecnologia e inovação para discutir as tendências e estratégias que moldarão o futuro do setor.

Com um cenário global em constante evolução, a edição deste ano deve abordar temas cruciais como inteligência artificial, sustentabilidade, personalização e experiências omnicanais, além de explorar as possibilidades oferecidas por novas tecnologias e mudanças no comportamento do consumidor.

Acompanhe os principais tópicos do maior evento de varejo do mundo, em uma cobertura realizada pelo time da Wake, que está em Nova Iorque cobrindo tudo.
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Game Changer
Tempos de mudança de jogo para o setor de varejo - Dia 1
A NRF 2025 teve início com uma apresentação inspiradora liderada por John Furner, Presidente e CEO do Walmart U.S., e Azita Martin, Vice-Presidente e Gerente Geral de Varejo e CPG da NVIDIA. Durante a abertura, Furner destacou o momento transformador pelo qual o varejo está passando, impulsionado por avanços na inteligência artificial (IA). “Não estamos apenas vivendo mudanças, mas uma verdadeira revolução,” afirmou, ressaltando como a IA está reconfigurando a maneira como as empresas operam, trazendo mais inteligência, agilidade e possibilidades inéditas para consumidores e negócios.

Azita Martin compartilhou como a NVIDIA está ajudando varejistas a explorar o potencial da IA para melhorar a experiência dos clientes, capacitar colaboradores e otimizar processos operacionais. Segundo ela, a IA permite criar assistentes virtuais que replicam os melhores vendedores, disponíveis 24 horas por dia, entregando personalização em larga escala. Martin também trouxe exemplos práticos, como o uso de gêmeos digitais para simular layouts de lojas e aprimorar operações antes mesmo de implementar mudanças, uma abordagem que reduz riscos e aumenta a eficiência.

A parceria entre o Walmart e a NVIDIA foi apresentada como um exemplo claro de como a tecnologia pode ser usada para enfrentar os desafios do varejo atual. Furner destacou que a IA está ajudando o Walmart a melhorar a precisão das previsões e a otimizar sua cadeia de suprimentos, gerando impactos positivos diretamente na experiência do cliente. Ele reforçou que a integração de tecnologia avançada é essencial para alcançar melhores resultados no setor.

Encerrando a sessão, Furner e Martin incentivaram os participantes a adotarem a IA como uma ferramenta essencial para o futuro do varejo. “Aqueles que abraçarem a IA agora terão uma vantagem competitiva significativa,” afirmou Martin, reforçando a importância de estar à frente em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.
Tendências de consumo e perspectivas para 2025 - Dia 2
Katie Welch, CMO da Rare Beauty, e Dan Frommer, fundador do The New Consumer, trouxeram perspectivas valiosas sobre o futuro do consumo em 2025 durante um painel que abordou tendências comportamentais, transformações no comércio digital e os diferenciais que posicionaram a Rare Beauty como uma das marcas de beleza mais influentes da atualidade.

Dan Frommer iniciou a conversa apresentando dados do New Consumer Trends Report, revelando um panorama sobre os consumidores americanos. Apesar de 60% deles acreditarem que os Estados Unidos enfrentam uma recessão, os números econômicos indicam resiliência. O e-commerce, por exemplo, cresceu 8,7% no último ano, com um desempenho notável durante as festas de fim de ano.

A Geração Z se destacou no relatório pelo comportamento exploratório. Cerca de 60% dessa geração utiliza o TikTok diariamente, e metade dos usuários mensais já realizou compras no TikTok Shop. Apesar de serem abertos a experimentar novas marcas, os consumidores jovens demonstram fidelidade àquelas que se conectam com seus valores e entregam qualidade.

Desde seu lançamento em 2023, o TikTok Shop tem revolucionado o comércio social nos Estados Unidos, alcançando um crescimento impressionante. Hoje, a plataforma já movimenta mais vendas do que a Sephora, e 91% dos consumidores afirmam que suas expectativas foram superadas ao utilizá-la. Katie Welch destacou como a Rare Beauty aproveita o TikTok como uma extensão de sua comunicação, conectando-se de forma genuína à Geração Z.

Segundo Katie, os consumidores mais jovens não buscam apenas produtos, mas também histórias e propósitos por trás deles. Criar conteúdos que ressoem com esses valores é essencial. A Rare Beauty aposta em parcerias com creators para demonstrar seus produtos de forma autêntica, estabelecendo um vínculo emocional com o público.

Fundada em 2020 por Selena Gomez, a Rare Beauty vai além de ser uma marca de beleza. Com um valor de mercado superior a US$ 2 bilhões e uma receita de US$ 350 milhões em 2023, a empresa se destaca por promover saúde mental e aceitação pessoal. Katie explicou que essa missão está no centro de todas as ações da marca, reforçada pelo Rare Beauty Impact Fund, que destina 1% das vendas para apoiar iniciativas relacionadas à saúde mental.

A consistência entre produto e mensagem é outro pilar fundamental para o sucesso da marca. O famoso blush líquido da Rare Beauty, que vendeu mais de 3,1 milhões de unidades em 2022, exemplifica o equilíbrio entre inovação, funcionalidade e uma narrativa emocional. “Nosso objetivo é criar uma comunidade onde as pessoas se sintam menos sozinhas no mundo”, comentou Katie.

Dan Frommer encerrou a discussão com uma reflexão: “A lealdade do consumidor ainda existe, mas precisa ser conquistada todos os dias. O consumidor do futuro buscará marcas que ofereçam mais do que produtos — ele quer significado, conexão e inovação.”

O painel reforçou que o sucesso no varejo de 2025 dependerá de um equilíbrio entre tecnologia, propósito e a criação de comunidades fortes, um modelo que a Rare Beauty domina com excelência.

Transformação Digital
Transformação digital: insights privilegiados da Starbucks e da Levi's - Dia 1
Representando empresas icônicas como Starbucks e Levi’s, Deb Hall Lefevre e Jason Gowans apresentaram estratégias que combinam tecnologia de ponta com excelência na experiência do cliente e operações mais ágeis.

Deb Hall Lefevre detalhou como a empresa transforma milhões de interações diárias em momentos únicos para seus consumidores. Com mais de 40 mil lojas espalhadas por 86 países, o desafio está em equilibrar consistência global e personalização local. Para isso, a Starbucks tem como pilares estratégicos a simplificação, modernização e padronização de seus sistemas tecnológicos. Lefevre destacou que a empresa investe em uma infraestrutura unificada que permite inovação e escalabilidade, garantindo que a experiência do cliente seja consistente, independentemente do local.

Além disso, a Starbucks utiliza inteligência artificial para otimizar o preparo e a entrega de pedidos, especialmente em horários de maior movimento. A meta é clara: servir cada café em até quatro minutos no balcão e garantir a entrega de pedidos móveis em até 12 minutos, elevando tanto a eficiência quanto a satisfação dos consumidores.

Por sua vez, Jason Gowans, Chief Digital Officer da Levi’s, destacou como a digitalização tem sido fundamental para a transição da marca de um modelo tradicional de atacado para uma abordagem omnichannel. O foco está em dois momentos-chave da jornada do cliente: a navegação no site e a conclusão da compra. A Levi’s investiu em tecnologias avançadas de busca e recomendação, o que resultou em um aumento significativo na interação com os produtos. No ambiente físico, ferramentas como o aplicativo “Back Pocket” permitem que os estilistas auxiliem os clientes a encontrar o ajuste perfeito, criando uma experiência integrada entre os canais online e offline.

Gowans enfatizou que a estratégia da Levi’s é baseada na velocidade, eficiência e no uso inteligente de dados. O objetivo da marca é liderar em personalização de tamanho e ajuste, oferecendo uma experiência singular ao consumidor. Ele também destacou a importância de resolver problemas de forma incremental e de construir soluções robustas ao longo do tempo.
Ambos os executivos ressaltaram que a base de qualquer transformação digital bem-sucedida está na simplicidade e na confiabilidade tecnológica. Lefevre reforçou que sistemas que funcionam de forma eficaz são essenciais para viabilizar qualquer estratégia de inovação. Gowans complementou, apontando que uma arquitetura tecnológica sólida e dados consistentes são os alicerces para escalar operações e atender às demandas do mercado.

Por fim, os palestrantes abordaram as possibilidades da inteligência artificial generativa (GenAI). Enquanto Gowans celebrou seu impacto na produtividade de equipes de engenharia, Lefevre destacou seu potencial para revolucionar desde a cadeia de suprimentos até a experiência do consumidor.

Com essas abordagens visionárias, Starbucks e Levi’s mostram como a transformação digital não apenas reimagina modelos de negócios, mas também coloca o cliente no centro das estratégias, criando um futuro mais conectado, eficiente e centrado na experiência.
Mattel e Reebok: como marcas tradicionais podem ampliar o espaço no digital - Dia 2
Na NRF 2025, o painel "Heritage Meets Innovation: Digital Growth Strategies" trouxe uma discussão fascinante sobre como marcas tradicionais estão se reinventando para alcançar novas gerações. Executivos da Mattel e da Reebok, como Jamie Cygielman e Ivy Spargo, compartilharam suas visões sobre como a combinação de dados, digitalização e personalização está moldando o futuro de suas marcas.

A transformação digital da American Girl, por exemplo, é um caso claro de como a marca, que começou como um catálogo direto ao consumidor, evoluiu para se tornar um grande player omnicanal. Segundo Jamie, o uso de dados é fundamental para entender os consumidores e antecipar suas necessidades. A marca não só tem se concentrado em criar experiências imersivas nas lojas, mas também em envolver emocionalmente seus clientes. As lojas da American Girl se tornaram locais de vivências únicas, como personalização de bonecas, festas e eventos que fazem com que tanto crianças quanto adultos criem memórias inesquecíveis. Jamie também mencionou um fenômeno crescente: o aumento do interesse de consumidores adultos, que buscam reviver momentos da infância, o que gerou novas oportunidades de produtos e experiências voltadas para esse público.

Enquanto a American Girl aposta em uma forte presença física, a Reebok tem investido cada vez mais em um modelo de negócios direto ao consumidor (DTC). Ivy destacou que, embora a marca ainda dependa dos parceiros de varejo, o DTC oferece uma oportunidade única de entender melhor os consumidores e criar experiências personalizadas. A Reebok tem apostado em campanhas digitais e parcerias estratégicas, como a colaboração com a Barbie, que tem gerado um aumento significativo no tráfego online e nas conversões. Além disso, a marca tem se aproximado das gerações mais jovens por meio de microinfluenciadores, que se conectam de forma autêntica com os consumidores da Geração Z e millennials.

Ambas as marcas destacam a importância do conteúdo gerado pelos usuários (UGC) para engajar seus públicos de maneira genuína. A American Girl, por exemplo, utiliza influenciadoras maternas e cria experiências nas lojas que incentivam as famílias a compartilhar momentos nas redes sociais. Ivy, por sua vez, enfatizou como a Reebok tem trabalhado com jovens talentos e atletas para reforçar sua imagem de marca jovem e culturalmente relevante. A combinação de influenciadores e campanhas autênticas tem sido uma estratégia eficaz para criar um vínculo emocional duradouro com os consumidores.

No que diz respeito ao futuro do varejo, tanto a Mattel quanto a Reebok veem a transformação digital como essencial para se manterem relevantes. Ambas as marcas estão investindo em dados, personalização e experiências omnicanal para fortalecer sua conexão com os consumidores. A American Girl, por exemplo, continua a explorar novas formas de criar experiências físicas e digitais que atendam às expectativas de seus clientes. Por outro lado, a Reebok está planejando abrir lojas de experiência, que mesclam moda, esporte e entretenimento, como forma de inovar no espaço físico.

Em última análise, o que se percebe é que, embora a tradição seja um ponto forte para ambas as marcas, a inovação é o que garante sua relevância no futuro. Como destacou Jamie, o segredo para o sucesso no varejo moderno está em equilibrar a herança das marcas com as novas demandas e oportunidades criadas pela digitalização e pela personalização.
A jornada transformadora de Tommy Hilfiger - Dia 2
Tommy Hilfiger, fundador e diretor criativo da Tommy Hilfiger Global, compartilhou, em uma conversa inspiradora na NRF 2025, como um sonho aparentemente distante se tornou um império global. Em suas palavras, "construir uma marca de estilo de vida global era apenas um sonho", mas essa visão se materializou ao longo de 40 anos, revolucionando o estilo americano e o setor varejista.

A trajetória começou com a abertura da loja People’s Place, onde Hilfiger demonstrou um talento nato para criar experiências de compra cativantes. Essa obsessão pelo varejo foi o alicerce de sua visão de construir algo único e culturalmente relevante. Ele queria que sua marca refletisse o espírito da época, conectando moda, música, arte e esportes. Essa abordagem o levou a colaborar com músicos e celebridades, não como uma estratégia calculada, mas como uma extensão de sua paixão pela música e cultura pop.
O conceito de inclusão também surgiu de forma natural. "Queríamos abraçar todos que se interessassem por aquele estilo de vida", explicou Hilfiger. Essa autenticidade transformou sua marca em sinônimo de diversidade, muito antes de a inclusão se tornar uma tendência no mercado. Além disso, sua filosofia de vestir celebridades para atrair fãs resultou em colaborações inovadoras, como as parcerias com Gigi Hadid e Lewis Hamilton, que participaram ativamente do processo criativo.
Ao longo das décadas, Hilfiger manteve a relevância da marca ao se adaptar às mudanças do mercado e investir em tecnologia. Ele reconhece o impacto transformador da inteligência artificial, mas acredita que a conexão humana e o aprendizado contínuo são igualmente cruciais. "Quanto mais você aprende, mais oportunidades surgem", destacou.
Hilfiger também oferece lições valiosas para empreendedores: siga sua paixão, escolha parceiros complementares e cerque-se de talentos excepcionais. Sua liderança é marcada pela valorização da inteligência coletiva, garantindo que sua equipe impulsione a inovação.

A marca Tommy Hilfiger, hoje avaliada em US$ 9 bilhões, é um símbolo de estilo, inclusão e evolução constante. Sua história é uma prova de que visão, autenticidade e adaptabilidade podem transformar sonhos em legados duradouros. Em um mundo em constante mudança, a pergunta que fica é: sua marca está pronta para abraçar o futuro e se conectar genuinamente com as pessoas?
A loja física precisa ser um hub de experiências - Dia 2
No painel "Revitalizando o Varejo: A Loja como Novo Centro de Experiências", realizado na NRF 2025, representantes da LEGO, IKEA e Deloitte exploraram como reinventar o papel das lojas físicas, transformando-as em espaços de inovação, engajamento e experiências imersivas. Participaram da discussão Martin Urrutia (LEGO), Javier Quiñones (IKEA U.S.) e Adam York (Deloitte Consulting LLP).

Martin Urrutia, responsável pela área de Experiência e Inovação Global da LEGO, enfatizou que as lojas físicas deixaram de ser apenas pontos de venda. Segundo ele, esses espaços agora atuam como plataformas de mídia, centros de serviços e ambientes para contar histórias. Como exemplo, Urrutia mencionou iniciativas da LEGO, como uma floricultura feita inteiramente de peças e um estúdio onde os clientes podem criar minifiguras personalizadas, proporcionando experiências únicas e interativas.

Por sua vez, Javier Quiñones, CEO da IKEA nos Estados Unidos, destacou a transformação dos formatos de loja da marca. Ele explicou que a IKEA passou a adotar unidades menores em áreas urbanas, aproximando-se dos consumidores e atendendo às necessidades específicas de cada localidade. “No passado, grandes lojas centralizavam tudo. Hoje, estamos nos adaptando para estar mais próximos do cliente”, afirmou.

A tecnologia foi apontada como uma aliada indispensável para enriquecer a experiência do consumidor. Urrutia destacou que, na LEGO, a tecnologia serve para complementar o contato humano, e não substituí-lo. “Queremos que os clientes interajam, criem e explorem nossas lojas. A tecnologia amplifica essa conexão,” explicou.

Quiñones abordou o uso de inteligência artificial (IA) na IKEA, mencionando sua aplicação em serviços como planejamento de ambientes e gestão de estoque. Ele também destacou como a IA contribui para soluções sustentáveis e para a criação de conteúdos personalizados, otimizando a eficiência energética das lojas e oferecendo uma experiência mais relevante para o cliente.

Ambos os executivos concordaram que o storytelling é um elemento central para criar conexões emocionais. Urrutia reforçou que cada loja deve transmitir uma narrativa única que aproxime o consumidor da marca. Na IKEA, o programa de fidelidade IKEA Family desempenha um papel fundamental nesse aspecto, oferecendo experiências personalizadas e relevantes para diferentes momentos da vida dos clientes.

Além de proporcionar experiências personalizadas, as lojas estão se consolidando como espaços de interação comunitária. Um exemplo disso é o conceito “Plata”, implementado pela IKEA em Houston, onde consumidores podem participar de atividades que vão além do ato de comprar, reforçando o vínculo entre marca e comunidade.

Os participantes também discutiram as métricas utilizadas para avaliar o sucesso das lojas físicas nessa nova abordagem. Mais do que as vendas, empresas como LEGO e IKEA estão considerando indicadores relacionados ao impacto comunitário, sustentabilidade e engajamento do consumidor.

Adam York, da Deloitte, ressaltou que o varejo do futuro será moldado por ecossistemas integrados e dinâmicos. Ele destacou que as lojas continuarão a evoluir para atender às expectativas crescentes dos consumidores, tornando-se verdadeiros hubs de experiências e conectividade entre marcas e clientes.

Combinando tecnologia avançada, formatos flexíveis e foco na conexão emocional, LEGO e IKEA demonstram que as lojas físicas ainda desempenham um papel crucial no varejo. Quando transformadas em centros de experiências significativas, elas se tornam peças-chave para engajar consumidores e construir relacionamentos duradouros.
Tendências para o varejo em 2027 - Dia 2
No painel Retail Future-Proofing 2027 and Beyond, realizado durante a NRF 2025, Cassandra Napoli, Head of Marketing and Events Insight da WGSN, trouxe reflexões profundas sobre como as marcas podem se preparar para os próximos anos. Baseando-se na metodologia de previsão de tendências da WGSN, que combina análise de dados e expertise, ela apresentou uma visão estratégica sobre o equilíbrio necessário entre mudanças tecnológicas, sociais e ambientais para moldar o varejo do futuro.

Um dos destaques foi a ideia de que o futuro será definido pela coexistência de opostos. Napoli explorou como forças aparentemente contraditórias, como individualidade e coletividade, tecnologia e natureza, podem se complementar para criar conexões mais significativas. Ela introduziu o conceito de “individualidade comunitária”, onde as necessidades pessoais e coletivas se encontram, refletindo uma transição do isolamento para uma maior interconexão social. Dados como o fato de que dois terços dos adolescentes entre 9 e 14 anos nos EUA e Reino Unido valorizam passar tempo com amigos reforçam a importância dessas conexões humanas.

Outro ponto central foi o impacto crescente da inteligência artificial, que, segundo Napoli, será uma ferramenta poderosa para facilitar a vida cotidiana, desde que seja usada de forma ética e alinhada a valores humanos. Ela destacou exemplos como um aplicativo de namoro japonês que utiliza IA para promover conexões reais em resposta a desafios demográficos, demonstrando como a tecnologia pode unir eficiência e propósito.

A sustentabilidade também foi amplamente discutida, com foco na adaptação às mudanças climáticas e no papel das empresas em promover práticas responsáveis. Napoli destacou que os consumidores buscarão produtos duráveis e iniciativas que integrem saúde individual e ambiental, um conceito que ela chamou de circular health, onde o bem-estar do planeta e das pessoas se torna uma prioridade compartilhada.

Para além da tecnologia e sustentabilidade, a criatividade foi apontada como um motor essencial para o futuro do varejo. Napoli enfatizou que atividades lúdicas e experiências gamificadas, muitas vezes vistas como triviais, terão um papel estratégico na promoção da inovação, do engajamento e do bem-estar, transformando interações comuns em momentos significativos.
Narrativas autênticas e nostálgicas também ganharam destaque como ferramentas emocionais para conectar marcas e consumidores. Em tempos de incerteza, as pessoas buscam conforto no passado, mas, como ressaltado por Napoli, a nostalgia pode ser mais do que um refúgio: pode inspirar otimismo e mudanças positivas.

Ao longo de sua apresentação, Cassandra Napoli reforçou que o varejo de 2027 será uma combinação de tecnologia avançada, criatividade, sustentabilidade e propósito. O grande desafio para as marcas será equilibrar inovação com impacto humano, garantindo relevância em um cenário em constante transformação.
O foco precisa ser na experiência, e não na velocidade - Dia 3
Na NRF 2025, uma das apresentações mais esperadas trouxe Lee Peterson, EVP de Thought Leadership da WD Partners, para discutir um dos maiores desafios do varejo contemporâneo: como as lojas físicas podem se destacar em um cenário onde a rapidez nas entregas, muitas vezes em menos de 24 horas, domina o mercado. A sessão, repleta de insights valiosos, abordou estratégias criativas para enfrentar a pressão da velocidade e redefinir o papel das lojas.

Peterson começou destacando o papel do tempo nas decisões dos consumidores. Ele afirmou que a verdadeira competição não é apenas contra outras marcas, mas contra o tempo. “Não podemos superar a Amazon em rapidez de entrega, pois essa é a essência do modelo deles,” explicou. Uma pesquisa realizada pela WD Partners com 3.300 consumidores revelou que 68% preferem comprar online, enquanto 79% consideram que visitar uma loja física exige muito tempo e esforço. Para ele, a solução está em mudar a abordagem: “O objetivo não é ser rápido, mas oferecer algo que o e-commerce não consegue — uma experiência única e inesquecível.”

Com base nesse conceito, Peterson introduziu a ideia de “Slow Retail”, inspirada no movimento “slow food”, que prioriza qualidade em vez de quantidade. Ele argumentou que as lojas precisam se transformar em destinos que vão além da simples transação, proporcionando experiências marcantes. Elementos como design atrativo, atendimento personalizado, produtos exclusivos e merchandising criativo foram apontados como pilares desse novo modelo. Exemplos como a Awake, no East Village, e a Yeti, em Austin, ilustram bem essa abordagem, ao transformar lojas em verdadeiros centros culturais e de conexão emocional.

Outro aspecto importante destacado foi a valorização do apelo local. Peterson ressaltou que marcas que se conectam com suas comunidades conseguem criar uma fidelidade única. Ele mencionou a Ace Hardware como um caso de sucesso, onde a forte presença local e o atendimento diferenciado garantem a preferência de 43% dos consumidores que optam por lojas físicas por causa do vínculo com a comunidade.

Apesar do foco na experiência, Peterson alertou que as bases operacionais não podem ser negligenciadas. Ele apresentou os principais pontos de insatisfação dos consumidores em lojas físicas: tempo excessivo gasto nas compras, funcionários despreparados, desorganização, dificuldade em localizar produtos e checkouts demorados. Para superar essas barreiras, ele recomendou investir em treinamento, tecnologias de checkout ágeis e estratégias de merchandising mais eficientes. “Nenhuma experiência se sustenta sem uma operação impecável. Fazer bem é sempre mais importante do que fazer rápido,” reforçou.

Encerrando sua apresentação, Peterson deixou uma mensagem clara para os varejistas: “Não tente competir com a Amazon em velocidade. Em vez disso, transforme suas lojas em espaços únicos, onde criatividade, conexão emocional e autenticidade criem um diferencial que o e-commerce jamais poderá alcançar. A verdadeira vantagem competitiva está na experiência, não na entrega.”
Varejo & IA
A transformação causada pelo varejo omnicanal - Dia 1
Bill Forbes, Diretor Sênior de Engenharia de Software Móvel da Gap Inc., e Marc St Pierre, Diretor de Estratégia para Varejo e Bens de Consumo na Globant, apresentaram suas ideias sobre o impacto transformador da inteligência artificial (IA) no varejo omnicanal.

A evolução do omnicanal foi um dos pontos centrais abordados por Forbes, que explicou como o conceito, antes focado na integração entre o físico e o digital, agora abrange uma ampla gama de interações, incluindo redes sociais, aplicativos e call centers. Ele destacou a colaboração da Gap com o aplicativo Line no Japão como exemplo de uma abordagem regional adaptada ao comportamento dos consumidores locais. Segundo Forbes, o objetivo principal é criar uma jornada do cliente simples e contínua, sempre colocando a experiência do consumidor no centro.
A IA tem sido uma peça-chave na transformação das operações da Gap. Soluções como o Fashion AI Assistant, integrado ao aplicativo da marca, oferecem recomendações personalizadas para eventos, presentes e dúvidas sobre produtos, com foco especial na linha Athleta. Forbes frisou que essas inovações são projetadas para engajar os clientes de maneira ética, sem comprometer sua privacidade.

Marc St Pierre complementou a discussão trazendo exemplos do trabalho da Globant, como no Intuit Dome, em Los Angeles. Ele destacou que a IA vai além da automação, permitindo experiências personalizadas que incluem reconhecimento facial e pagamentos fluidos. Para St Pierre, a tecnologia está redefinindo o varejo ao criar interações mais intuitivas e convenientes.
Além das experiências voltadas ao consumidor, a IA também tem revolucionado as operações internas. Forbes explicou que a Gap utiliza aprendizado de máquina para otimizar o envio de produtos, reduzindo perdas e garantindo que os itens certos cheguem aos locais adequados. Ele também mencionou o uso de gêmeos digitais para melhorar o rastreamento de inventário, permitindo decisões mais assertivas e eficientes.

Os aplicativos móveis continuam sendo um elemento central na estratégia omnicanal da Gap. Forbes revelou que o app da empresa, que já atrai 1,6 bilhão de visitas anuais, evoluiu para uma plataforma robusta que oferece recomendações personalizadas e incentivos de fidelidade. A Gap também está explorando tecnologias emergentes, como dispositivos vestíveis e realidade virtual, para elevar a experiência do consumidor a um novo patamar.

Olhando para o futuro, os palestrantes apontaram para o potencial da IA em criar experiências hiperpersonalizadas no varejo. Desde sugestões de tamanhos precisos até visualizações de roupas em realidade aumentada, o objetivo é aumentar a confiança nas compras online e reduzir as devoluções. Forbes destacou o papel dos avatares digitais, que podem permitir que os clientes visualizem peças em um ambiente virtual antes de finalizar a compra.

Ambos enfatizaram a importância de equilibrar inovação com responsabilidade. Forbes reforçou que o uso ético da IA é essencial para respeitar a privacidade dos consumidores, enquanto St Pierre destacou a necessidade de ferramentas que permitam às empresas manter o controle sobre as interações com seus clientes, mesmo em um cenário de plataformas externas em expansão.

A conclusão foi clara: a IA está moldando um novo padrão no varejo, ajudando as marcas a melhorar suas operações e a criar conexões mais profundas com os consumidores. Forbes encerrou com uma reflexão: “Embora não possamos controlar as tendências externas da IA, podemos conquistar a confiança dos clientes oferecendo produtos excepcionais e experiências únicas.” A sessão evidenciou como a tecnologia, quando usada de forma estratégica e ética, pode transformar o varejo omnicanal e estabelecer novos paradigmas de inovação.
A transformação omnichannel: parceiro, e não fornecedor - Dia 1
Entre os participantes estavam Jess Coleman, Head de Sistemas e TI na Manolo Blahnik; Jason Lerman, VP de TI e Sistemas na UNTUCKit; Ian Scott, Consultor da Ian Scott Retail Consulting Ltd; e Marc Iannotta, VP de Operações na Veronica Beard. Eles discutiram como a colaboração estratégica e as parcerias verdadeiras são fundamentais para o sucesso dessa evolução no varejo.

Uma das principais discussões girou em torno da diferença crucial entre fornecedores e parceiros. Jason Lerman explicou que, enquanto fornecedores geralmente focam em vender soluções prontas, sem considerar as necessidades específicas do cliente, os parceiros vão além. Eles entendem os desafios do negócio e criam soluções sob medida. Ian Scott reforçou essa ideia, afirmando que um parceiro de verdade age como uma extensão da equipe do cliente, ajudando a alcançar metas de longo prazo. Essa abordagem baseada na confiança e na cooperação mútua é essencial para implementar mudanças significativas no omnichannel.

Jess Coleman destacou o papel essencial dos gerentes de sucesso do cliente nesse processo. Ela explicou que o trabalho mais importante começa após a implementação inicial, quando ajustes precisam ser feitos para atender às demandas em constante evolução. Esses profissionais monitoram métricas, identificam oportunidades de melhoria e garantem que os sistemas continuem alinhados aos objetivos do negócio. Marc Iannotta acrescentou que os gerentes de sucesso ajudam a criar um planejamento claro, orientado para resultados, fortalecendo a relação entre cliente e parceiro.

Os palestrantes também apontaram três características indispensáveis para uma parceria eficaz. Primeiro, o alinhamento de valores, que garante que o parceiro compartilhe a visão e os objetivos do cliente. Segundo, a adaptabilidade, que permite responder rapidamente às mudanças e desafios do mercado. Por fim, a colaboração contínua, essencial para implementar melhorias e promover o crescimento sustentável. Jess Coleman ilustrou isso com um exemplo prático, mencionando como ajustes pós-implementação reduziram o trabalho manual de um cliente em 30%, um resultado só possível graças à dedicação em entender profundamente as necessidades do negócio.

Escolher parceiros em vez de fornecedores é uma decisão estratégica para o varejo omnichannel. Essa relação não apenas oferece soluções técnicas, mas também impulsiona o crescimento do negócio, criando um vínculo de benefícios mútuos. Como destacou Ian Scott, o sucesso do cliente é também o sucesso do parceiro, uma visão que reflete a importância de construir relações baseadas em confiança e objetivos compartilhados.

A mensagem final foi clara: no cenário competitivo do varejo moderno, onde a experiência do cliente é o principal diferencial, contar com parceiros comprometidos com a visão do negócio é indispensável para se destacar e alcançar resultados duradouros.
Foot Locker: reinvenção de lojas físicas e digital como experiência - Dia 1
Na NRF 2025, a Footlocker apresentou uma visão ambiciosa para seu futuro, destacando o "Lace Up Plan", um plano estratégico que busca posicionar a marca como líder global no mercado de sneakers. Celebrando seus 50 anos, a empresa delineou quatro pilares fundamentais: aprimorar o portfólio de produtos, expandir a cultura sneaker, fortalecer o relacionamento com os clientes e oferecer uma experiência omnichannel de excelência.

Entre as inovações, foi lançado um aplicativo móvel redesenhado, que integra um programa de fidelidade atualizado, o FLX 2.0, com recompensas ampliadas, como descontos, frete grátis e acesso exclusivo a lançamentos. Além disso, a Footlocker apresentou um novo conceito de loja, com espaços como a “drop zone” para produtos em destaque, o “kick it club” para experimentação e uma seção feminina ampliada. A meta é renovar dois terços das lojas até 2025, incorporando tecnologias para melhorar a experiência do cliente.

A palestra também destacou a importância das parcerias estratégicas, como a colaboração de 8 anos com a NBA e a Jordan Brand, reforçando a liderança da marca no segmento de produtos de basquete. Entre os próximos passos, estão a avaliação do novo conceito de loja em Nova York, a preparação para o NBA All-Star Weekend em São Francisco e a continuidade das renovações das lojas.

A apresentação reafirmou o compromisso da Footlocker em liderar o mercado de sneakers, priorizando inovação, engajamento do cliente e parcerias de longo prazo para sustentar o crescimento e fortalecer sua posição no varejo global.
A revolução da Lowe’s no varejo - Dia 2
A Lowe’s, uma das líderes globais no segmento de melhorias para o lar, está revolucionando o varejo ao incorporar inteligência artificial (IA) em várias áreas de sua operação. Durante o painel “How Lowe’s leverages AI to become an agile digital retailer”, realizado no NRF Retail’s Big Show, representantes da Lowe’s, Nvidia e Dell detalharam como tecnologias como gêmeos digitais, IA generativa e visão computacional estão sendo usadas para transformar a experiência do cliente, otimizar operações internas e modernizar a gestão de lojas.

A empresa tem se destacado por aplicar IA para enfrentar desafios práticos do varejo, sempre buscando gerar benefícios tanto para os consumidores quanto para seus colaboradores. Três iniciativas tecnológicas se sobressaíram entre os casos apresentados.

Um dos avanços mais notáveis é a utilização de gêmeos digitais, que criam réplicas virtuais das lojas físicas. Essa inovação permite que a Lowe’s simule diferentes configurações de layout e avalie como mudanças na disposição dos produtos afetam o comportamento do cliente e as vendas. Integrados aos planogramas, esses modelos virtuais ajudam as equipes de merchandising a tomar decisões mais assertivas, otimizando os espaços e maximizando a receita por metro quadrado.

Outro destaque é um aplicativo baseado em IA generativa desenvolvido para auxiliar os colaboradores. Esse assistente digital fornece informações instantâneas, facilitando o atendimento ao cliente e ajudando a localizar produtos no estoque com rapidez. Além disso, o aplicativo oferece recomendações personalizadas de itens, tornando o atendimento mais eficiente e alinhado às necessidades individuais dos consumidores.

A Lowe’s também está modernizando o processo de checkout por meio de visão computacional. Utilizando câmeras e GPUs da Nvidia, a tecnologia identifica os produtos no caixa e alerta para possíveis discrepâncias entre o item escaneado e o reconhecido, reduzindo perdas e tornando o processo mais ágil e preciso. Essa inovação não só aumenta a eficiência operacional, mas também melhora significativamente a experiência do cliente no ponto de venda.

No painel, os executivos destacaram como essas soluções tecnológicas foram implementadas de forma prática e acessível. Randy Lack, da Dell, explicou que grandes avanços não exigem investimentos exorbitantes. A Lowe’s adotou uma abordagem local para o processamento de dados, utilizando hardware instalado nas lojas em vez de depender exclusivamente de processamento em nuvem, o que reduz atrasos e aumenta a eficiência.

Seemantini Godbole, uma das líderes da Lowe’s, reforçou que o sucesso dessas iniciativas vai além da tecnologia. “Estamos criando um modelo de varejo que combina uma base digital sólida com um toque humano na entrega. A tecnologia existe para potencializar a experiência do cliente”, afirmou. Ela também ressaltou como o uso estratégico de IA impulsionou um ciclo contínuo de inovação, onde cada projeto abre portas para novas ideias e melhorias.

A parceria entre Lowe’s, Nvidia e Dell foi apontada como um fator crucial para o êxito dessas transformações. Essa colaboração permitiu que a Lowe’s unisse eficiência operacional com uma experiência diferenciada para o consumidor, redefinindo o que significa ser um varejista no mundo digital.

Ao integrar a inteligência artificial de maneira estratégica, a Lowe’s está construindo um modelo de varejo mais inteligente, conectado e preparado para os desafios futuros. Essa abordagem inovadora consolida a posição da empresa como pioneira em um mercado cada vez mais competitivo e digitalizado.
Tendências de IA para 2025 e o futuro - Dia 3
Durante a NRF 2025, o painel “Future of Retail Intelligence: 10 AI Trends Shaping 2025 and Beyond” trouxe uma visão abrangente sobre como a inteligência artificial está transformando o varejo global. O debate reuniu Gurhan Kok, fundador da invent.ai; Scott Vifquain, CTO da Tailored Brands; e Deborah Weinswig, CEO da Coresight Research, que discutiram tendências de IA com potencial para revolucionar o setor nos próximos anos.

A relação entre dados e inteligência artificial foi um dos principais destaques da discussão. Gurhan Kok explicou como sua empresa, a invent.ai, utiliza IA para enfrentar desafios complexos no varejo, como planejamento de mercadorias, precificação dinâmica e alocação de inventário. Segundo Kok, essas soluções têm impacto direto nos resultados financeiros, com aumento de vendas entre 4% e 10% e melhorias significativas nas margens de lucro. Ele enfatizou que a integração de dados internos e externos permite criar modelos preditivos que ajudam varejistas a tomar decisões mais assertivas e em larga escala.

Scott Vifquain compartilhou a experiência prática da Tailored Brands, responsável por marcas como Men’s Wearhouse e Joseph A. Bank, na adoção de soluções baseadas em IA. Antes da implementação, processos manuais e planilhas dominavam a gestão de inventário. Com a tecnologia da invent.ai, a empresa conseguiu prever demandas e aprimorar áreas como aluguel de trajes e reposição de estoque. Vifquain destacou que a transformação trouxe benefícios tangíveis, como a redução de problemas de última hora em aluguéis de trajes para casamentos. Ele também ressaltou a importância de uma abordagem colaborativa, envolvendo equipes de marketing, tecnologia e cadeia de suprimentos para garantir o sucesso das inovações.

Deborah Weinswig apresentou algumas das tendências mais promissoras de IA no varejo. Entre elas, destacou a precificação dinâmica, que ajusta preços em tempo real de acordo com a demanda e condições locais, e as previsões granulares de demanda, que utilizam dados como clima e comportamento social para antecipar necessidades regionais. Ela também mencionou a otimização da cadeia de suprimentos, que melhora o equilíbrio entre estoques e vendas, e o uso de IA generativa para criar experiências personalizadas que aumentam a fidelidade do cliente.

Os palestrantes reforçaram que a adoção de inteligência artificial não é apenas uma questão de inovação, mas de alcançar resultados práticos. Kok enfatizou que as soluções devem converter dados em ganhos financeiros imediatos, como melhorias em reposição de produtos e estratégias de precificação. Já Vifquain destacou que resultados iniciais rápidos são fundamentais para engajar equipes e justificar investimentos em tecnologia. Ambos concordaram que a transparência das soluções é crucial para facilitar sua aceitação, permitindo que as equipes compreendam as decisões geradas pela IA.

Outro ponto levantado foi a importância do apoio da liderança para o sucesso de iniciativas de inteligência artificial. Vifquain destacou que é necessário um esforço conjunto entre marketing, operações e tecnologia para alcançar metas estratégicas e garantir o retorno sobre o investimento.

Ao final, ficou evidente que a inteligência artificial está redefinindo o futuro do varejo, trazendo mais eficiência, sustentabilidade e foco no cliente. Desde a personalização até a precificação, a IA está pronta para transformar o setor, mas o sucesso dependerá de estratégias bem planejadas, colaboração entre equipes e um foco claro em resultados financeiros. À medida que a tecnologia avança, o varejo continuará a evoluir, impulsionado pela inovação e pela integração de dados.
Varejo e todo o potencial da inteligência artificial - Dia 3
No painel “Global Retail Trends: Why the Human Touch Is Key to Leveraging the Full Potential of AI”, Kate Ancketill, fundadora e CEO da GDR Creative Intelligence, trouxe uma reflexão sobre o impacto crescente da inteligência artificial no varejo. Apesar de reconhecer o potencial transformador da tecnologia, ela enfatizou que o toque humano será indispensável para explorar ao máximo suas possibilidades. A discussão abordou os desafios, as oportunidades e como o varejo pode ser uma força motriz na criação de experiências enriquecedoras para os consumidores.

Ancketill destacou que a inteligência artificial está remodelando não apenas o mercado de trabalho, mas também a sociedade como um todo. Embora essa revolução tecnológica abra portas para novas oportunidades, ela também apresenta desafios significativos, como a perda de empregos em larga escala. Segundo a especialista, o consumidor não se importa com a complexidade da tecnologia, mas com os resultados práticos que ela proporciona. “A IA é frequentemente mal compreendida e supervalorizada. O que realmente importa são os benefícios tangíveis que ela entrega”, afirmou.

Entre os principais obstáculos mencionados por Ancketill estão os elevados custos computacionais, o risco crescente de fraudes e deepfakes e o perigo de uma “bolha do hype” em torno da inteligência artificial. Essas questões reforçam a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre inovação tecnológica e responsabilidade.

Uma das tendências mais marcantes discutidas foi o conceito de “Escapism Retail”, que propõe transformar o varejo em um espaço de experiências sensoriais e emocionais. Segundo Ancketill, a ideia é ir além da simples transação comercial, criando ambientes que despertem sentimentos de admiração e encantamento. Como exemplos, ela citou o The Outernet, um impressionante espaço digital 4D na Europa, e a LV The Place, da Louis Vuitton, que oferecem experiências imersivas capazes de transportar os consumidores para mundos extraordinários. “Sessenta e um por cento das pessoas esperam que as marcas as ajudem a sentir emoções mais intensas. Isso evidencia uma demanda crescente por vivências autênticas e marcantes”, explicou.
Outro ponto abordado foi o avanço da inteligência artificial no varejo voltado ao consumidor, com inovações como avatares, assistentes pessoais e dispositivos imersivos. Exemplos como os Google XR Glasses, que integram os mundos físico e digital, e o avatar de Jennifer Lopez para a Virgin Voyages, ilustram como a tecnologia está estreitando os laços entre marcas e consumidores. Ancketill enfatizou que a IA deve ser uma ferramenta que complementa e enriquece a experiência do cliente, em vez de substituí-la. Robôs humanoides, como o Figure 2, que utilizam tecnologias de conversação da OpenAI, foram destacados como exemplos dessa integração.

Para Ancketill, o futuro do varejo reside na fusão entre tecnologia e conexão humana. Embora a inteligência artificial traga inovação e eficiência, é a interação humana que cria vínculos duradouros com os consumidores. Ela ressaltou que as lojas físicas continuam a desempenhar um papel essencial, oferecendo algo que os ambientes digitais ainda não conseguem replicar: momentos de proximidade, alegria e senso de comunidade. “O varejo físico deve ser um espaço que promove conexões significativas, oferecendo experiências que as pessoas realmente valorizam”, concluiu.

Ao unir a inovação tecnológica com o toque humano, o varejo tem a oportunidade de prosperar em um cenário dominado pela inteligência artificial. Essa combinação não apenas garante a sobrevivência do setor, mas também o posiciona como um catalisador de experiências transformadoras e memoráveis para os consumidores.
Inteligência artificial e as experiências humanas - Dia 3
No evento NRF 2025, o painel intitulado “Artificial Intelligence and Humans: Five Ways AI Will Make Retail More Personal, Not Less” trouxe à tona o papel transformador da inteligência artificial no varejo. Reunindo especialistas como Vicki Cantrell (Vendors in Partnership), Mirko Saul (Schwarz Digital – Lidl), Suzanne Long (Albertsons Companies), David Roth (WPP) e Shirley Gao (Pacsun), a discussão abordou como a tecnologia pode ir além da eficiência operacional, promovendo experiências mais personalizadas e humanas.

David Roth iniciou o debate destacando o impacto revolucionário da IA no setor. Ele descreveu a tecnologia como uma força capaz de redefinir processos e relações, tornando cada interação mais significativa. “Não estamos falando de uma simples inovação tecnológica, mas de algo que reescreve as regras do varejo globalmente”, afirmou. Roth ainda mencionou que, em países como Brasil, Índia e Indonésia, 67% da população acredita que os benefícios da IA superam os riscos.

Um dos pontos centrais da conversa foi o impacto prático da inteligência artificial em grandes redes varejistas. Suzanne Long, da Albertsons Companies, explicou como a empresa utiliza IA para lidar com a alta rotatividade de seus 275.000 colaboradores. A tecnologia oferece treinamentos em tempo real, permitindo que os funcionários mais experientes dediquem mais atenção aos clientes. “A IA possibilita que nossos talentos se concentrem no que realmente importa: criar conexões genuínas com os consumidores”, afirmou Long.

Já Shirley Gao apresentou o caso da Pacsun, que atende a um público jovem e conectado. A empresa desenvolveu um aplicativo de inteligência artificial chamado “Chan”, projetado para auxiliar seus 6.000 colaboradores. O app funciona como um assistente digital, respondendo a dúvidas instantaneamente e otimizando as operações. “O Chan é como um colega sempre disponível, que não apenas facilita o trabalho, mas também fornece insights valiosos para melhorar treinamentos e processos”, explicou Gao.

Mirko Saul, representando o Schwarz Digital (Lidl), destacou como a IA tem sido fundamental para lidar com a diversidade cultural e linguística de suas operações em 32 países. A tecnologia automatiza tarefas repetitivas, como responder a perguntas sobre horários ou promoções, permitindo que os agentes de call center se concentrem em questões mais complexas. “A IA reduz custos, melhora a experiência do cliente e garante suporte eficiente em diferentes idiomas”, disse Saul.

Os palestrantes foram unânimes ao afirmar que a inteligência artificial não deve substituir as pessoas, mas sim amplificar suas capacidades. Long compartilhou uma experiência marcante ao relatar como a conectividade pode transformar vidas, citando uma mulher em situação de rua que usava um smartphone para se manter informada. Shirley Gao complementou com um exemplo do Japão, onde IA é utilizada para monitorar o tom de voz em call centers, ajudando a reduzir o estresse dos atendentes.
Novos Consumidores
O novo consumidor: o futuro do varejo - Dia 2
A palestra intitulada Z to Alpha: Redefining Retail for Tomorrow contou com a participação de Winnie Burke (Roblox), Casey Lewis (After School), Meghan Hurley (Claire’s) e Brent Mitchell (Sephora). Os especialistas compartilharam visões sobre engajamento digital, personalização e a fusão entre os mundos físico e virtual.

Para Meghan Hurley, vice-presidente global de marketing da Claire’s, os consumidores dessas gerações são exigentes, bem-informados e buscam uma relação genuína com as marcas. Ela destacou que esses jovens não apenas consomem, mas também querem participar ativamente do desenvolvimento de produtos e experiências. Um exemplo disso é a coleção de cuidados corporais “See By Claire’s”, que foi criada com a colaboração dos próprios clientes e atende jovens em busca de autocuidado.

A fluidez entre o digital e o físico foi um dos temas centrais do debate. Winnie Burke, representante do Roblox, explicou que para as gerações Z e Alpha, esses dois mundos estão completamente interligados. Com mais de 90 milhões de usuários ativos diários, a plataforma Roblox exemplifica essa integração ao permitir que seus usuários personalizem avatares como uma extensão de suas identidades. Burke citou a parceria com a Fenty Beauty como um caso de sucesso, onde um gloss virtual, criado pela comunidade digital, se tornou um produto físico disponível no mercado.

Brent Mitchell, da Sephora, enfatizou que, embora o digital seja essencial, as lojas físicas ainda desempenham um papel relevante, especialmente para jovens que estão descobrindo novas marcas e produtos. Ele destacou como a Sephora combina tecnologia digital, como ferramentas de correspondência de tons de pele, com experiências presenciais, oferecendo personalização e educação aos consumidores.

Outro ponto relevante foi o papel dos influenciadores, tanto humanos quanto virtuais. Mitchell mencionou o programa Sephora Squad, que utiliza micro e nano influenciadores para criar conexões mais autênticas e diversificadas com o público. Já Burke ressaltou como os criadores de conteúdo no Roblox geram experiências virais que conectam plataformas sociais ao ambiente virtual.

A democratização das experiências digitais também foi discutida. Hurley destacou a importância de levar inovações digitais para o varejo físico em regiões fora dos grandes centros urbanos. “Consumidores de cidades menores desejam vivenciar as mesmas experiências que veem online. Nosso desafio é tornar isso possível”, afirmou.

Para os palestrantes, o futuro do varejo está na criação de experiências integradas que conectem o físico ao digital, sempre com autenticidade e relevância cultural. A inteligência artificial e a convergência entre produtos digitais e físicos foram apontadas como soluções promissoras para atrair essas novas gerações.

Casey Lewis encerrou a discussão com um alerta às marcas: “Aqueles que não escutarem seus consumidores e não se adaptarem às mudanças perderão espaço rapidamente. Autenticidade e conexão cultural não são mais opcionais, mas essenciais para o sucesso.”

Sustentabilidade & Propósito
O negócio da autenticidade: Tracee Ellis Ross sobre a construção da beleza PATTER - Dia 2
O palco com Tracee Ellis Ross, renomada atriz, produtora e fundadora da PATTERN Beauty foi inspirador. Sob a mediação de Sheena Butler-Young, do The Business of Fashion, Ross compartilhou sua transição de Hollywood para o mundo dos negócios, destacando sua missão de promover inclusão, representatividade e aceitação pessoal na indústria da beleza.

Fundada em 2019, a PATTERN Beauty nasceu de uma experiência profundamente pessoal de Ross com seus cabelos crespos e cacheados. Após anos enfrentando dificuldades para encontrar produtos que realmente atendessem às suas necessidades, ela percebeu a ausência de opções eficazes e inclusivas no mercado. Essa lacuna inspirou a criação de uma marca que celebra a beleza natural e desafia padrões estéticos tradicionais.

“Queria oferecer algo que honrasse o cabelo como ele é, sem tentar mudá-lo ou enquadrá-lo em padrões irreais”, explicou Ross, reforçando que a filosofia da PATTERN Beauty está enraizada na valorização dos cabelos texturizados. O slogan “designed by us, for us” encapsula o compromisso da marca em atender às necessidades de um público frequentemente negligenciado, promovendo autoestima e aceitação.

Ross destacou que, embora o mercado de cabelos texturizados seja vasto — representando entre 65% e 75% do mercado global —, ele ainda é subestimado. Nos Estados Unidos, o segmento já movimenta mais de 31 bilhões de dólares, mas carece de dados precisos que refletem seu verdadeiro potencial. Para ela, essa negligência não apenas revela ignorância, mas também representa uma oportunidade desperdiçada para a indústria.

“Não queria criar produtos para corrigir algo que nunca foi um problema. Minha ideia sempre foi celebrar e empoderar as pessoas, oferecendo soluções que realmente atendam às suas necessidades”, afirmou Ross.
Estratégias e desafios de uma marca global

Construir uma marca com propósito em um mercado tradicionalmente voltado para produtos convencionais foi um desafio que Ross enfrentou com determinação. Desde o início, ela tomou decisões estratégicas, como escolher a Ulta Beauty como seu primeiro parceiro de varejo, garantindo alcance e escalabilidade. Essa parceria também permitiu um relacionamento direto com os líderes da rede, facilitando a expansão da marca.

Ross reconheceu a importância de delegar e aprender com especialistas, admitindo que seu maior trunfo como líder é saber quando buscar ajuda. Com uma equipe dedicada de cerca de 50 pessoas, a PATTERN Beauty continua a crescer, liderada por Ross com criatividade e foco em inovação. A expansão sustentável da empresa é uma prioridade, e Ross já vislumbra novas possibilidades além dos cuidados capilares, destacando que o nome da marca, PATTERN Beauty, reflete esse potencial de diversificação.

Ao encerrar sua fala, Ross reforçou que o propósito é o alicerce de seu negócio. Para ela, o sucesso não está apenas nos números, mas na capacidade de transformar vidas e criar um impacto positivo. “Quando você constrói algo baseado em propósito, o crescimento é inevitável”, concluiu, reafirmando sua visão de uma beleza que celebra a diversidade e promove a aceitação.
Liderança com propósito - Dia 2
Durante o Retail’s Big Show, Corie Barry, CEO da Best Buy, participou de uma conversa conduzida por Matthew Shay, presidente da National Retail Federation, onde compartilhou sua perspectiva sobre liderança e adaptabilidade no varejo. Corie enfatizou a importância de uma gestão responsável, ou stewardship, destacando a necessidade de liderar com propósito, priorizando clientes, equipes e comunidades enquanto se ajusta às constantes transformações do mercado.

Desde que assumiu o comando da Best Buy em 2019, Corie enfrentou desafios como a pandemia, mudanças nas expectativas dos consumidores e avanços tecnológicos. Para ela, o segredo está na capacidade de adaptação. “Não buscamos a perfeição, mas sim a habilidade de aprender rapidamente com os erros e nos ajustar. É essa flexibilidade que nos permite acompanhar as necessidades em constante evolução dos clientes”, afirmou. Essa mentalidade foi essencial para posicionar a Best Buy como uma referência em inovação no varejo.

Sob sua liderança, a empresa implementou mudanças significativas, incluindo a reformulação das lojas para oferecer experiências mais personalizadas e a adoção de um modelo de trabalho flexível que atende tanto às demandas dos consumidores quanto às expectativas dos colaboradores. Corie acredita que colocar o cliente no centro de todas as decisões é fundamental. Ela observou que a lealdade às marcas diminuiu, enquanto os consumidores agora esperam conveniência e personalização em todas as interações.

Para atender a essas novas demandas, a Best Buy investiu em tecnologia, aprimorando desde aplicativos até soluções que personalizam a experiência do cliente, como recomendações baseadas no histórico de compras. Apesar da digitalização, Corie destacou o papel essencial das lojas físicas, especialmente para atender demandas imediatas ou para interações que exigem um toque humano, como a instalação de equipamentos residenciais.

A empresa também passou por um rebranding recente, adotando o slogan “Imagine That”, que reflete a missão de mostrar como a tecnologia pode enriquecer a vida das pessoas. “Queremos que nossos clientes se surpreendam e digam: ‘Eu não sabia que isso era possível’, ao experimentarem nossos produtos e serviços”, explicou Corie. Essa mensagem reforça a posição da Best Buy como uma marca confiável e inovadora, comprometida em usar a tecnologia para melhorar vidas.

Corie acredita que a verdadeira liderança vai além de alcançar metas imediatas. “Meu papel não é deixar um legado pessoal, mas garantir que a organização esteja em uma posição melhor por causa da minha contribuição. O objetivo é criar um ambiente onde as pessoas possam dar o seu melhor”, afirmou. Essa filosofia se reflete em iniciativas que fortalecem comunidades e promovem o desenvolvimento dos colaboradores. Um exemplo disso é o fato de que 75% dos gerentes gerais da Best Buy começaram suas carreiras em posições de base, evidenciando o compromisso da empresa com mobilidade social e crescimento interno.

Encerrando sua participação, Corie deixou uma mensagem otimista sobre o papel do varejo no cenário atual. “Estamos vivendo um momento em que o varejo tem o poder de transformar vidas, comunidades e setores inteiros. Nosso dever é continuar inovando e gerando impacto positivo”, concluiu.
A construção de marca para as próximas gerações - Dia 3
Durante o painel “Building a Lifestyle Brand: Pacsun’s Vision for the Next Generation”, realizado na NRF 2025, Brie Olson, CEO da Pacsun, apresentou uma perspectiva arrojada e transformadora para o futuro do varejo de moda. A conversa destacou como a marca, que está profundamente conectada à cultura jovem, tem liderado mudanças significativas no setor por meio da adoção de tecnologias digitais, fortalecimento do social commerce e parcerias estratégicas, sem deixar de lado a sustentabilidade e o impacto social.

A Pacsun, segundo Olson, tem como público principal as gerações Z e Alpha, formadas por jovens que buscam autenticidade, inclusão e formas de expressão pessoal. Para ela, essas gerações não apenas consomem tendências, mas também as moldam. “Eles são criadores por natureza e leais a marcas que compartilham seus valores. Não criamos tendências sozinhos; co-criamos ao lado deles”, afirmou a CEO.

O social commerce foi destacado como uma peça-chave na estratégia da Pacsun para engajar esse público. Desde 2019, a marca tem investido em tecnologias que tornam o e-commerce mais interativo, como transmissões ao vivo. Olson revelou que, nos últimos 18 meses, a empresa vendeu quase meio milhão de jeans por meio de lives no TikTok. Essas vendas foram impulsionadas por criadores digitais que, mesmo com um número modesto de seguidores, conseguem estabelecer uma conexão genuína com suas audiências.

Sobre o papel do TikTok, Olson ressaltou que, embora a plataforma seja um canal importante, o foco da marca está na autenticidade das narrativas. “Se o TikTok deixar de existir, outro canal ocupará esse espaço. Nosso compromisso é com o engajamento real e as histórias que contamos junto aos nossos consumidores”, explicou.

As colaborações estratégicas também desempenham um papel central na construção da identidade da Pacsun. A marca já trabalhou com nomes como Selena Gomez, Formula One e o Metropolitan Museum of Art, sempre alinhando seus produtos a causas relevantes. Olson destacou a parceria com Selena Gomez, que resultou em uma linha de jeans cuja receita foi destinada a iniciativas de conscientização sobre saúde mental, um tema de grande importância para o público jovem.

Apesar do crescimento do comércio digital, as lojas físicas continuam sendo um elemento essencial para a Pacsun. Olson revelou planos para abrir 25 novas lojas em 2025, com foco em locais estratégicos como shoppings e cidades universitárias. Além disso, eventos presenciais, como shows-surpresa de artistas populares em lojas de Nova York e Los Angeles, têm sido utilizados para fortalecer a conexão emocional com os consumidores.

A sustentabilidade e o impacto social são pilares fundamentais da estratégia da Pacsun. Olson destacou que a marca está comprometida em atender às expectativas dos consumidores, que desejam ver mudanças positivas no mundo. “Nossos clientes esperam que sejamos parte da solução, e eles apoiam nossas iniciativas com suas compras”, afirmou. Entre as ações sustentáveis da empresa estão o uso de inteligência artificial para prever demandas de estoque e o incentivo à moda circular, práticas que refletem o compromisso da marca com a preservação ambiental.

Ao final do painel, Olson reforçou a missão da Pacsun de criar experiências significativas e autênticas para seus clientes. “Nosso objetivo é inspirar a próxima geração a se expressar por meio da moda de maneira que reflita seus valores e sua identidade. Continuaremos a evoluir para atender às suas demandas, sempre equilibrando inovação e impacto social.”

Com uma abordagem que combina inovação tecnológica, responsabilidade social e um profundo entendimento do comportamento das novas gerações, a Pacsun se consolida como uma das marcas mais relevantes para o público jovem. Ao integrar tecnologia, autenticidade e propósito, a empresa está não apenas acompanhando as mudanças no mercado, mas liderando o caminho para o futuro do varejo de moda.
Retail Media
Retail Media e a publicidade omnicanal - Dia 3
A sessão “From Black and White to Color: How Retail Media Networks Are Navigating the Off-Site Revolution”, apresentada na NRF 2025, trouxe à tona os avanços e desafios enfrentados pelas redes de mídia do varejo (RMNs) no contexto da publicidade omnichannel. Moderada por Max Willens, analista sênior da eMarketer, a conversa reuniu Aaron Dunford, vice-presidente da Nordstrom Media, e Monique Perlmutter, diretora sênior da Roundel Partner Solutions Group, para discutir como suas empresas estão redefinindo o papel da mídia off-site no setor.

O debate começou com Max Willens apresentando dados que refletem a rápida ascensão da mídia off-site, cujo crescimento anual ultrapassou 40% em 2024, superando os investimentos em mídia on-site. Ele apontou que os anunciantes estão cada vez mais confiantes em usar os dados fornecidos pelas RMNs para impulsionar campanhas em plataformas como redes sociais, CTV e publicações de prestígio. Willens destacou que, até 2025, espera-se que cerca de 18% dos gastos com publicidade em display sejam originados de mídia no varejo.

Monique Perlmutter destacou como a Roundel, a plataforma de mídia da Target, está liderando essa transformação ao aproveitar informações de 165 milhões de consumidores para criar campanhas personalizadas e omnichannel. Ela revelou que 30% dos investimentos da Roundel estão alocados na mídia off-site, superando a média do setor, que é de 21%. Perlmutter enfatizou que combinar mídias on-site com duas ou mais plataformas off-site resulta em um ROAS 2,4 vezes maior. Ela também explicou como a Roundel está adotando um modelo de compra focado em soluções, otimizando campanhas com base em indicadores como conversão e consideração.

Aaron Dunford, por sua vez, apresentou a abordagem inovadora da Nordstrom Media, que busca integrar experiências físicas e digitais para criar conexões emocionais com os clientes. Ele mencionou iniciativas como o programa de embaixadores estilistas, que gera conteúdo autêntico e apresenta níveis de engajamento duas vezes maiores que os das campanhas tradicionais. Além disso, Dunford detalhou como eventos temáticos, como o “Alpine Bound”, e parcerias com marcas, como Shutterfly, ajudam a enriquecer a experiência nas lojas. Segundo ele, o foco na experiência do cliente é o principal motor das vendas.
A complexidade da medição de resultados foi outro ponto abordado. Monique Perlmutter explicou que a Roundel está aprimorando suas ferramentas de atribuição e incrementabilidade para fornecer análises mais detalhadas aos anunciantes. Ela enfatizou a importância de simplificar o planejamento e a execução das campanhas, mesmo diante de um cenário operacional complexo. Dunford complementou explicando que a Nordstrom adota uma abordagem personalizada, ajustando suas estratégias de medição de acordo com a categoria de produtos e o comportamento dos consumidores. Ele citou como exemplo o tempo de conversão mais longo para itens de alto valor, como bolsas de luxo, em contraste com produtos de menor custo, que exigem respostas mais rápidas.

A sessão concluiu que o futuro da mídia off-site dependerá de como as empresas conseguem conectar as experiências físicas e digitais, engajar os consumidores e integrar dados de forma eficiente. Segundo Perlmutter, o retail media já não se limita a impulsionar vendas, mas também desempenha um papel crucial na construção de marcas e na criação de experiências significativas. Com o crescimento acelerado desse segmento e os resultados concretos apresentados por empresas como Roundel e Nordstrom, ficou evidente que a revolução off-site está transformando a publicidade no varejo de maneira definitiva.

Previsões e tendências
Perspectivas econômicas globais - Dia 3
David Solomon, CEO do Goldman Sachs, e Matthew Shay, presidente da NRF, tiveram um excelente debate no painel “Perspectivas Econômicas Globais para 2025 e Além”. Durante o painel, foram abordados temas cruciais como o cenário econômico global, a evolução geopolítica, os mercados financeiros e os impactos transformadores da inteligência artificial generativa.

Solomon iniciou destacando seu otimismo em relação à economia dos Estados Unidos, ressaltando a força da cultura de inovação do país e as inúmeras oportunidades de investimento disponíveis. Apesar dos desafios enfrentados, como a inflação persistente e um mercado de trabalho que ainda carece de estabilidade, ele acredita que o progresso tecnológico será um motor essencial para o aumento da produtividade. Ele mencionou um estudo do Goldman Sachs que prevê um impacto significativo da IA, com potencial de elevar a produtividade americana em 1,5% ao ano ao longo da próxima década.

Quando o assunto foi inflação, Solomon chamou a atenção para a pressão que serviços e alimentos ainda exercem sobre os consumidores, especialmente nas famílias de baixa renda, que enfrentam dificuldades sem reservas financeiras para lidar com imprevistos. Ele também enfatizou a necessidade urgente de uma reforma nas políticas de imigração como uma solução para fortalecer o mercado de trabalho.

No campo macroeconômico, ele apontou a influência dos estímulos fiscais na recente resiliência da economia americana, mas alertou para os riscos crescentes de um déficit elevado e o aumento da dívida pública. Para Solomon, controlar os gastos governamentais é essencial para preservar a confiança no mercado de dívida de longo prazo. Ele também comentou sobre a política monetária, observando que o Federal Reserve continuará a basear suas decisões nos dados econômicos disponíveis, sem compromissos antecipados com cortes ou aumentos de juros.

Outro ponto de destaque foi a análise das cadeias de suprimento. Solomon lembrou que, embora as tarifas implementadas durante o governo Trump tenham acelerado a relocalização da produção para os EUA, essa tendência já estava em andamento devido a preocupações com eficiência e segurança. Ele destacou que o fortalecimento das cadeias de suprimento é um processo contínuo, mas que exige tempo e planejamento estratégico.

O debate também explorou as diferenças no crescimento econômico global. Enquanto regiões como Europa e Reino Unido enfrentam dificuldades, a China lida com uma desaceleração econômica considerável. No entanto, Solomon rejeitou a ideia de um movimento de “desglobalização”, afirmando que a interdependência econômica construída ao longo das décadas não pode ser completamente desfeita.

A inteligência artificial foi outro tema central da discussão. Solomon destacou como os avanços recentes na tecnologia, como os modelos de linguagem, estão ampliando o alcance e a acessibilidade da IA, transformando operações de negócios e aumentando a eficiência em diversas indústrias. Ele prevê que, nos próximos anos, a queda nos custos de computação e no desenvolvimento de chips impulsionará ainda mais a adoção dessa tecnologia, com impactos profundos e duradouros.
Para finalizar, Solomon compartilhou sua visão sobre liderança no Goldman Sachs, uma instituição com 155 anos de história e milhares de funcionários. Ele ressaltou que o sucesso da empresa está enraizado em princípios como alinhamento, cultura e valores, com foco em excelência, integridade e compromisso com o cliente.
Visão Adyen da NRF 2025
NRF 2025: IA trouxe consigo a era do varejo sob medida
A inteligência artificial moldou a forma com a qual consumimos, pensamos e tomamos decisões. No varejo, ela tem ganhado relevância na complexa tarefa de oferecer produtos e serviços personalizados - uma das grandes estratégias adotadas para atrair e reter consumidores em meio à intensa concorrência. Acompanhei de perto essa discussão no NRF Big Retail Show 2025 e é notável o anseio de empresas por promover engajamento e estreitar relacionamento com os consumidores, tendo em vista uma performance cada vez mais rentável e eficiente. O tema também tem sido central nas nossas interações com clientes. O consenso está posto, mas qual o próximo passo?

A busca pela personalização faz parte de um processo de transformação digital no varejo. Consumidores exigem experiências únicas e alinhadas às suas preferências de compra, e as empresas precisam se adaptar a essa demanda para se manter competitivas. Por outro lado, o setor ainda enfrenta dificuldade em processar e armazenar os dados necessários para que a personalização seja eficiente. O Adyen Index 2024, pesquisa proprietária com varejistas e consumidores, mostrou que a falta de dados sobre o comportamento do cliente ainda é um desafio para 23% das empresas entrevistadas, o que compromete a tomada de decisões. Outras 12% afirmaram não possuir a tecnologia necessária para manter programas de fidelidade e benefícios, que também exigem uma base de dados integrada.

É por meio da centralização e visualização de dados que empresas podem contar com a IA para analisar comportamentos, antecipar preferências e criar programas de fidelidade e benefícios que aumentam vendas e engajamento. Nesse contexto,  dados de pagamentos são centrais para identificar padrões de frequência e sazonalidade, otimizando operações e promovendo uma melhor a experiência do cliente.

Com a personalização, surgem também novas opções de rentabilidade no mercado. É o caso de Super Apps e Retail Media - que apesar de ter entrado em evidência em 2023, também foi apontado no evento como tendência em meio à alta demanda por eficiência dos canais de venda frente à exigência de uma experiência aprimorada. Ao mesmo tempo, ambos também dependem da IA e de dados de qualidade para apresentar uma boa performance. Portanto, um desafio para o setor é desenvolvimento de modelos de IA aplicáveis aos diversos canais de consumo, para além do seu uso no atendimento ao cliente.

Fato é que as empresas que integrarem análise de dados à tecnologia de pagamentos estarão não apenas alinhadas às tendências do varejo, mas também preparadas para moldar o futuro do setor. Contudo, a verdadeira vantagem competitiva estará na capacidade de transformar dados em decisões ágeis e personalizadas, indo além de simplesmente acompanhar tendências. É hora de o varejo repensar sua abordagem: não se trata apenas de vender produtos, mas de criar conexões significativas com consumidores em um mundo onde a tecnologia, os dados e a experiência se cruzam. O futuro é sobre quem entende melhor os seus clientes.

Resumo do Dia by Wake
Wake na NRF 2025: Destaques primeiro dia
Wake na NRF 2025: Destaques segundo dia
Resumo da Palestra by Wake
Wake na NRF 2025: Inteligência artificial
Wake na NRF 2025: Construção da autenticidade do negócio